Falta de peritos traz prejuízos para a investigação no estado de São Paulo


“As polícias civis encontram-se sucateadas no país todo e, com raras exceções, são corporações pequenas e pouco valorizadas pelas autoridades políticas. Faltam-lhes recursos humanos, materiais e logísticos para conduzir investigações com mais efetividade”. Essa afirmação veio de uma fonte neutra e respeitada: Renato Sérgio de Lima e Samira Bueno, diretores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pela produção do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. É o mesmo documento que aponta que São Paulo é um dos estados que mais cortou investimentos no setor.

A afirmação dos especialistas é coerente com as recomendações do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (Sinpcresp): o sucateamento da polícia civil e o descaso mais absoluto com o setor de perícia técnica traz grandes prejuízos para a investigação de crimes no estado. A prova mais recente disso foi dada na semana passada, quando o governador Geraldo Alckmin anunciou, na rádio Bandeirantes, a nomeação de peritos já aprovados por concurso, e que aguardam há anos a convocação para começar a trabalhar. Horas depois, simplesmente ignorou a promessa e não fez a prometida nomeação.

O artigo de Renato Sérgio de Lima e Samira Bueno foi publicado pelo G1, no contexto da divulgação de dados do Monitor da Violência, um site produzido pelo portal noticioso para monitorar a qualidade do trabalho da polícia em todo o Brasil. Para isso, o portal registrou todas as mortes violentas ocorridas no Brasil entre 21 e 27 de agosto, e agora acompanha de perto a investigação de cada um desses casos.

A reportagem mais recente do site afirma: “Com 98 peritos para atender uma região de 92 municípios, o Instituto de Criminalística (IC) de Campinas (SP) destaca uma ‘sobrecarga’ para justificar a demora na produção de laudos necessários na investigação de mortes violentas pela Polícia Civil. De seis casos registrados em agosto e acompanhados pelo projeto Monitor da Violência do G1, apenas um foi concluído dois meses depois. E três dos cinco inquéritos abertos aguardam o IC para dar sequência ao trabalho dos investigadores. ‘É uma região muito grande. O ideal para atender toda a demanda seria dobrar o número de peritos’, explica o diretor do IC, Edvaldo Messias Barros.”

Para o presidente do Sinpcresp, Eduardo Becker Tagliarini, "o descaso do governo para com a Polícia Técnico Cientifica não é demonstrado apenas com a promessa não cumprida de nomear servidores, mas pricipalmente pela redução de investimentos para 2018, como fica visivelmente patente pela proposta da LOA encaminhada à ALESP, ainda mais considerando a previsão de aumento da arrecadação para 2018".

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