Presidente do SINPCRESP alerta sobre adoecimento da Polícia

O presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (SINPCRESP), Bruno Lazzari, fez um alerta contundente sobre a crise de saúde mental que afeta os profissionais da segurança pública durante o Encontro de Entidades de Classe das Polícias para debater a Campanha Salarial de 2025, realizado na noite desta quarta-feira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O evento, que reuniu representantes de diversas categorias policiais, teve como objetivo principal debater a campanha salarial para 2025.
Em seu pronunciamento, Lazzari revelou um cenário preocupante sobre o estado emocional dos profissionais da Polícia Científica. "A maioria dos telefonemas que eu recebo hoje, infelizmente, são de colegas pedindo informações sobre o que eles devem fazer para se afastar por questões psicológicas", declarou o presidente do SINPCRESP.
O perito criminal foi enfático ao afirmar: "A polícia do Estado de São Paulo está doente. Isso não é algo que a gente observa só em relação aos delegados ou aos peritos. A polícia do Estado de São Paulo, de uma forma geral, está doente e o Estado e as nossas instituições não sabem como lidar com isso".
A "tríade do mal": baixos salários, sobrecarga e falta de efetivo
Durante sua fala, Lazzari apontou três fatores principais que contribuem para o adoecimento dos profissionais: salários defasados, volume excessivo de trabalho e falta de efetivo, o que chamou de "tríade do mal".
Segundo dados apresentados pelo presidente do SINPCRESP, enquanto a média salarial nacional dos peritos criminais teve um aumento real superior a 80% nos últimos 10 anos, em São Paulo esse percentual não chegou a 40%. O salário inicial de um perito criminal no estado é de R$ 13.739, bem abaixo da média nacional de R$ 20.000. Em estados como Rondônia e Roraima, esse valor chega a R$ 30.000. "Os policiais que mais trabalham são os policiais que menos recebem. Os delegados estão em 24º lugar [no ranking nacional de salários]. Os peritos criminais estão em 19º lugar", comparou Lazzari.
Fuga de talentos e sobrecarga de trabalho
Um dos efeitos mais graves dessa situação, segundo o presidente do SINPCRESP, é o aumento significativo da evasão de profissionais. "Nos últimos três anos, tivemos um aumento de 4% para 18% no índice de evasão", revelou. Esses profissionais não estão abandonando a carreira pública, mas migrando para outros estados com melhores condições salariais. "Nós formamos os profissionais aqui, eles adquirem experiência, porque, sem dúvida nenhuma, o estado de São Paulo é um estado com um índice muito grande de atendimento na área policial. Eles levam essa experiência para se aplicar em outros estados. Nós estamos perdendo os melhores profissionais", lamentou.
A sobrecarga de trabalho é outro fator alarmante. Lazzari apresentou números que evidenciam o desequilíbrio: os peritos paulistas representam apenas 19% do efetivo nacional, mas respondem por 54% das requisições policiais do Brasil. "O estado de São Paulo produz uma média de 1 milhão de laudos por ano. O segundo estado que mais produz é Minas Gerais, 400 mil. O terceiro, 250 mil. Olha a diferença", enfatizou.
O encontro reuniu representantes sindicais de todas as forças policiais para debater a Campanha Salaria de 2025. Assista AQUI o vídeo completo sobre o evento.