São Paulo é um dos estados que menos investe em segurança pública
A cada novo levantamento sobre segurança pública divulgado na imprensa, o governador Geraldo Alckmin se apressa para declarar que São Paulo apresente excelentes indicadores no setor. Pois o que ele faz é apenas apresentar parte dos dados, e de maneira distorcida. Foi assim novamente, com a divulgação do 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira, Alckmin comemorou o fato de o estado ter registrado, em 2016, 11 mortes violentas por 100 mil habitantes. Só esqueceu de dizer que, de acordo com esse mesmo levantamento, o estado de São Paulo investiu em segurança, no ano passado, 10,22% a menos do que em 2015. É a terceira maior redução entre todos os estados da federação – só Amapá e Rondônia retiraram mais dinheiro da segurança do que o governo paulista. Entre os recordistas em aumento no investimento estão Piauí, Mato Grosso e Maranhão.
"A falta de investimento do governo na Segurança Pública é o grande fator que permite o crescimento da criminalidade, deixando o povo paulista a mercê da própria sorte", afirma Eduardo Becker, presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (Sinpresp).
O 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública é realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e apresentou outros dados que comprovam o sucateamento da segurança pública em São Paulo. Na proporção de investimentos em segurança, na relação com o total de dinheiro usado pelo estado, a situação também é de descaso: São Paulo só disponibilizou 5,7% de seu orçamento para a segurança, contra 6,3% no ano anterior.
É o segundo pior índice de todo o Brasil, à frente apenas do Distrito Federal. Já o Rio de Janeiro, por exemplo, investe 16,1% de seu orçamento em segurança, mais do que os 15,2% do ano anterior.
Além disso, na média de gastos por habitante, São Paulo é o terceiro pior do país. Seus R$ 245,69 anuais per capita só superam o Maranhão e o Ceará. A média nacional é muito superior: R$ 349,99. São números que explicam por que tantas instalações policiais paulistas estão em tamanho mau estado.