NA MÍDIA - O DIA - Presidente do SINPCRESP analisa laudo sobre morte de belga no RJ


O presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (SINPCRESP), Eduardo Becker, foi consultado pela reportagem do jornal O Dia para comentar o laudo de exame de necrópsia no corpo do belga Walter Henri Maimilien Biot, 52, morto na sexta-feira. A reportagem foi publicada também no jornal Meia Hora e em outros seis veículos de comunicação.

O documento, assinado pelo perito-legista Reginaldo Franklin Pereira, contabilizou pelo menos 30 lesões, entre hematomas e ferimentos e foi decisivo para a prisão do marido da vítima, cônsul alemão Uwe Herbert Hahnn. “O trabalho do perito-legista foi crucial para que a Polícia Civil do Rio de Janeiro tivesse os elementos necessários para refutar a tese de que a vítima havia tido um surto e caído”, comenta Becker.

O cônsul contou à polícia que seu marido teve um surto, saiu correndo do quarto onde estava e caiu com o rosto no chão. "As marcas são estranhas com a versão do cônsul, pois são compatíveis com as de uma pessoa que apanhou. A localização das lesões é  esparsa e aleatória. Tem marca em que a posição, a situação e localização são compatíveis com a de uma vítima agredida, como as do rosto, que teve infiltração do sangue indicando um forte impacto. Além disso, há equimoses que já estavam em processo de cura, com a cor já amarelada, o que necessita de pelo menos uma semana para chegar a essa coloração", disse Becker à reportagem.

Segundo presidente do SINPCRESP, o laudo apontou indícios de defesa e até de imobilização da vítima. "Há ferimentos nos dorsos das mãos e em ambos cotovelos, típicos de defesa. Também chama a atenção as pancadas ao redor dos tornozelos, como se a vítima tivesse sido amarrada", comentou.

À reportagem do jornal O Dia, Becker chama a atenção para outros três pontos inconsistentes com a versão apresentada pelo cônsul: o efeito dos remédios; os móveis arrumados e a porta de vidro da varanda intacta. "Ele diz que a vítima tomou remédios para dormir, o efeito desse remédio com a bebida seria de sonolência profunda, não de agitação. Sobre o surto: os móveis da sala estariam bagunçados e, pelas fotos, estão alinhados. Além disso, a vítima foi encontrada caída entre a sala e a varanda, onde havia uma porta de correr de vidro, que ficou intacta. Uma pessoa em surto, como ele descreveu, a teria danificado na queda", disse.

Segundo policiais, o quarto do casal estava bastante bagunçado, em contraste com a mobília do restante da casa. O cônsul confessou que limpou manchas de sangue, inclusive uma que estava no sofá da sala. Ele foi preso após a finalização do laudo de exame de necropsia. “Isso demonstra o quanto é importante investir na Polícia Técnico-Científica, na formação constante dos profissionais e na compra de equipamentos indispensáveis ao trabalho pericial”, afirma.

É por meio do trabalho da perícia criminal que as teses apresentadas por testemunhas, vítima ou suspeitos são corroboradas ou não. Em casos de homicídios, quando a vítima não pode apresentar sua versão, é a análise de vestígios, do corpo e da cena do crime que vão determinar a dinâmica do que aconteceu. “A perícia criminal é ciência, o trabalho pericial é independente e comprometido com a verdade. Por isso a independência dos órgãos periciais é tão importante”, completa Becker.

CLIQUE AQUI para ler a notícia na íntegra.

Compartilhe: