Laboratórios de toxicologia de São Paulo não obtém aproveitamento máximo em teste da ONU
Duas vezes por ano, a Organização das Nações Unidas envia amostras para laboratórios de todo o mundo. Não informa o que há em cada uma, apenas apresenta uma lista com mais de 50 possíveis substâncias que poderiam ser encontradas. A lista inclui até mesmo entorpecentes sintéticos novos.
O exercício, que faz parte do Programa de Proficiência do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc), analisa a capacidade que os laboratórios têm em detectar diferentes tipos de drogas.
Os laboratórios do Espírito Santo, da Paraíba e de Minas Gerais identificaram corretamente 100% das amostras, sendo que nem todas contêm substâncias entorpecentes, o que aumenta o grau de dificuldade da análise.
Já São Paulo, com dois laboratórios da Polícia Científica participantes, não alcançou os 100% de acerto, justificando que não pesquisam em suas rotinas as substâncias enviadas.
Mas por que laboratórios do estado mais rico do país não pesquisam tais substâncias, que segundo apuração do SINPCRESP (Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo), são frequentemente encontradas misturadas às drogas?
A situação da Polícia Científica de São Paulo é calamitosa, conforme o SINPCRESP vem alertado há anos.
Faltam insumos, faltam equipamentos, faltam padrões de confronto e, principalmente, FALTAM PERITOS CRIMINAIS, conforme já denunciado diversas vezes. O já baixo orçamento destinado à Polícia Científica, que ficou menor em decorrência dos diversos contingenciamentos feitos pelo Governos ao longo do ano, agravou de tal maneira a situação da Polícia Científica que faltam itens básicos de trabalho como cadeiras, mesas, impressão colorida dos laudos, material de higiene nos banheiros... e, evidentemente, que faltam recursos nos laboratórios, em especial no responsável por identificar substâncias entorpecentes e seus adulterantes.
O SINPCRESP vem incansavelmente insistindo por soluções eficazes e rápidas, NOMEAÇÃO DE TODOS OS CANDIDATOS APROVADOS NO CONCURSO PC-01/2013, AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS, MELHORA NA INFRAESTRUTURA, a fim de que o Instituto de Criminalística possa prestar um serviço de qualidade para a população e para a justiça, resgatando a dignidade da Polícia Científica, desenvolvendo um trabalho de excelência, cumprindo assim sua missão pautada pela legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, sempre almejando o interesse público.
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Atualização de 16/10/2017:
Após a veiculação da notícia acima, a Secretaria Geral do SINPCRESP recebeu de associado uma nota de esclarecimentos assinada pelos colegas lotados no Núcleo de Toxicologia Forense (NTF), com pedido de divulgação. O documento recebido pode ser acessado a partir do link abaixo. Cumpre comunicar que as informações constantes na postagem acima não se referem a um único laboratório da SPTC, já que o NTF não foi o único participante do Internatinal Collaborative Exercises (ICE/UNODC). Ademais, os resultados apresentados demonstraram que não havia esta ou aquela substância, mas não teriam apontado o que havia nas amostras testadas.