Comprado há dois anos, equipamento de R$ 325 mil não saiu da caixa


A cidade de São José do Rio Preto, uma das mais importantes do interior de São Paulo, não conta com um equipamento crucial para analisar substâncias e detectar a presença de drogas. E não é por falta de equipamento. Ele foi comprado pela SENASP, chama-se cromatógrafo gasoso, custa mais de R$ 325 mil atualmente, e faz análises sofisticadas. O problema é outro: desde 2015, ele permanece dentro da caixa. Nunca foi instalado.

A denúncia do SINPCRESP (Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo), publicada pelo jornal Diário da Região, expõe o motivo: o governo estadual não conseguiu fazer as adaptações necessárias ao prédio onde fica o Núcleo de Perícias Criminalísticas da cidade. Ele é alugado e não pode receber as modificações necessárias para que o cromatógrafo entre em uso.

“Ponto para os criminosos, sempre criativos na fabricação de drogas ao misturar substâncias com poder de entorpecer as pessoas, mas que não são identificáveis sem o uso de equipamentos do tipo desse que está encostado em Rio Preto”, afirma o mesmo jornal, em editorial que comenta a reportagem. “Se a droga é ‘batizada’, como geralmente acontece com a cocaína, traficantes flagrados pela polícia podem simplesmente ficar livres por falta de materialidade do crime.”

Por não contar com o aparelho, os peritos da cidade precisam enviar as amostras para a capital paulista, a 440 quilômetros de distância.

“A falta de planejamento chega a impressionar, embora não ao ponto de surpreender”, segue o editorial. “É inacreditável que o Estado não tenha pensado nos detalhes e nas condições para a instalação. O equipamento precisa ficar em cômodo vedado, que os peritos chamam de ‘capela’, com circulação de ar controlada. Só agora, diante do questionamento a respeito da ociosidade do aparelho, o governo afirma que está em elaboração o projeto executivo de um novo prédio para abrigar a estrutura, isso se não ocorrer nenhum problema com o processo de licitação, previsto para tramitar no primeiro trimestre do ano que vem.”

“Em meio ao impasse”, aponta o texto, “a sociedade vai ficando no prejuízo”. O promotor de justiça José Márcio Rossetto Leite reagiu à notícia e informou que vai cobrar da Superintendência da Polícia Técnico-Científica uma resposta por manter parado há dois anos um detector antidrogas de R$ 325 mil que poderia ajudar em casos de tráfico de entorpecentes. O promotor informa que há 4 anos o Ministério Público pede, na Justiça, que a Secretaria de Segurança Pública construa um prédio próprio para o Instituto de Criminalística.

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